Novembro Azul: Saiba sobre os cuidados em saúde que devem ser seguidos

Publicado por: Glícia Favacho

homem


Ir ao médico geralmente não é o programa preferido dos homens. Só que a distância dos consultórios pode estar contribuindo para um dado preocupante, revelado pelo IBGE. Segundo o Instituto, eles vivem sete  ou oito anos a menos do que as mulheres. A boa notícia é que essa resistência de cuidar da saúde preventivamente está diminuindo. “Eles estão indo mais ao consultório sim. As orientações e informações sobre doenças tem sido eficazes, mudaram a mentalidade”, garante o urologista e responsável pela andrologia no Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro, Alexandre Miranda.

“Eles,  às vezes, ainda acham que ir ao urologista significa obrigatoriamente ter que fazer um  toque retal, mas não é só isso que acontece num consultório. Hoje a gente faz uma avaliação maior, vai ver a parte de lipídeos e como estão os hormônios desse paciente, se é necessário fazer reposição hormonal. Outras vezes, vai ser encaminhado ao cardiologista porque o colesterol está muito elevado, aumentando as chances do infarto agudo do miocárdio. Eles são mais propensos”, completa o urologista.

No geral, os homens mais velhos procuram mais o médico porque ocorrências de saúde tendem a aumentar com o avanço da idade.Já os mais jovens têm procurado tratamento a medida que aparece alguma alteração importante no corpo. “ Não vão pra fazer profilaxia com frequência. Isso é mais difícil de acontecer e como ele é jovem, a idade vai fazer a necessidade ser menor” afirma Alexandre Miranda.

Foram os resultados de exames ruins que fizeram o aeroviário Márcio de Souza Ribeiro, 41 anos, buscar ajuda médica para mudar de vida. “ Há dois anos eu tive problemas sérios de saúde. Minha pressão estava alta, estava muito acima do peso. Levava uma vida sem me preocupar com a saúde e percebi que não dava mais para não me cuidar”, afirma Márcio.

De acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em 2014, o infarto agudo do miocárdio foi a doença que mais matou homens no país. Naquele ano, foram registradas  50 mil mortes causadas por essa complicação cardíaca.

Mudanças

Márcio afirma que até os 38 anos não cuidava da saúde e hoje, reconhece que a mudança de hábito foi fundamental para ganhar uma vida saudável. “ Faço um check up anual e vou a nutricionista de 3 em 3 meses. Exercícios físicos todos os dias e agora, estou me preparando para os cuidados que sei que vou ter que ter com a próstata”, revela.

Para o urologista Alexandre Miranda,  os cuidados com a saúde masculina são mais simples do que as pessoas pensam e devem seguir um ritmo natural, respeitando a necessidade de acordo com a idade. Ele destaca os principais:

Tenha hábitos saudáveis de vida – Faça atividade física regular, pelo menos 3x por semana. Se alimente com frutas, legumes e verduras, coma bastante fibra e beba bastante água. Isso melhora o corpo todo.

Procure um cardiologista – Se o homem tem histórico de doenças cardiovasculares na família ele deve procurar o médico já aos 30 anos. Caso não, mesmo com nenhum sintoma, a avaliação cardiológica pode ser iniciada aos 35 anos.

Procure um urologista antes de iniciar a atividade sexual – Da mesma forma que as mulheres vão ao ginecologista para serem orientadas, os homens também precisam ir para aprender sobre boas práticas de saúde,  contracepção e tirar duvidas sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e outros problemas que possam vir associados.

Atenção: Os pedidos de exames de DSTs devem ser feitos com frequência. Qualquer paciente que sinalize uma DST tem a indicação para isso. Quando o médico pergunta qual é a prática sexual do paciente, na verdade, ele quer saber para justamente direcionar a consulta adequadamente. Abordar as práticas sexuais é importante para orientar e proteger todos os homens.
Sobre o câncer de próstata, é importante que os homens façam uma consulta aos 50 anos de idade, caso tenham um histórico familiar para verificar. Caso não tenha histórico,  pode adotar essa rotina aos 55 anos de idade.

Kaio Coutinho, assistente de câmera, 27 anos, afirma que não vai ao médico com tanta frequência, mas que está sempre atento a qualquer sinal do corpo. “ Eu e o meu namorado nos cuidamos e chamamos a atenção um do outro para sempre ir ao médico, quando tem uma necessidade. Eu tenho uma gastrite forte no estômago então eu sempre aproveito quando vou para olhar como tudo está”, conta.

O urologista ainda conta que hábitos saudáveis incluem também  ter uma visão mais positiva da vida. “ Os brasileiros andam muito negativos. Levar a vida com mais bom humor é tão importante para a saúde, quanto fazer exercícios físicos”, finaliza.

Principais Dúvidas

Duas preocupações aparecem, entre as mais comuns,  quando o assunto é saúde do homem:

Câncer de Próstrata – Acima de 50 e 55 anos,  a incidência na população masculina é alta. O diagnóstico é feito por um exame de sangue especifico chamado PSA, associado ao toque retal, caso haja necessidade. A boa notícia é que o câncer de próstata, diagnosticado de forma precoce,  é totalmente curável.

Disfunção Erétil – As chances aumentam a partir dos 50 anos de idade. O diagnóstico é feito por ele mesmo quando percebe que a duração da rigidez do pênis diminuiu, o que dificulta manter a ereção durante a atividade sexual. . Lembrando que quanto mais cedo aparecer a disfunção erétil, mais chances possuem de  ter  infarto e  AVC.  Por isso, ao perceber esses sinais, é muito importante procurar um especialista para indicar o tratamento adequado. A automedicação pode complicar ainda mais o quadro.

Política – Com o objetivo de ampliar e qualificar o acesso da população masculina aos serviços de saúde, principalmente na atenção primária, reduzir as taxas de morbidade e mortalidade por causas evitáveis e melhorar a qualidade de vida desta população, o Ministério da Saúde lançou, em 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). A PNAISH se dispõe a qualificar a saúde da população masculina na faixa etária de 20 a 59 anos, o que abrange um quantitativo de 55 milhões de homens. O Ministério da Saúde trabalha com cinco eixos prioritários nessa área: Acesso e acolhimento, Paternidade e Cuidado, Doenças Prevalentes na População Masculina, Prevenção de Violência e Acidentes e Saúde Sexual e Reprodutiva.
Dentre os eixos, destaca-se Paternidade e Cuidado, tema relacionado ao engajamento dos homens nas ações do planejamento reprodutivo e no acompanhamento do pré-natal, parto e pós-parto de suas parceiras e nos cuidados no desenvolvimento da criança, trazendo como possibilidade real a todos envolvidos uma melhor qualidade de vida e vínculos afetivos saudáveis. Um ponto fundamental para a consolidação deste eixo é expansão na rede SUS da estratégia Pré-Natal do Parceiro, que visa colaborar para o exercício da paternidade ativa e integrar os homens na lógica dos serviços de saúde ofertados, possibilitando que eles realizem seus exames preventivos de rotina, tais como HIV, Sífilis e Hepatites, Hipertensão e Diabetes, e atualizem sua carteira de vacinação, entre outros.

Gabi Kopko, do Blog da Saúde – Ministério da Saúde